Você não pôde participar do chat no dia 28/03, mas o tema lhe interessa? Então, essa é a sua oportunidade de verificar tudo que foi comentado e perguntado a autora do livro Humanização do Parto da Ed. FioCruz. Confira abaixo um pequeno trecho da conversa entre ela e alguns profissionais da saúde. Quem sabe as dúvidas e questionamentos realizados também não são iguais ao seu. Caso não, conheça outros pontos de vista.
O importante é estar em constante atualização.
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Moderador : Dr. Assuero César de Rio Branco – AC, médico G&O, não pôde participar do nosso encontro, mas nos enviou por e-mail algumas colocações e vai acessar o conteúdo do bate papo na transcrição. Ele também lhe desejou sucesso e pede desculpas por não estar aqui hoje.
Moderador : Ele diz: ”Não conheço o conteúdo do seu Livro. Espero, então, que me responda: no seu entender o que é parto humanizado? Significa colocar a parturiente em uma casa de parto sem a presença do médico? Deixar a parturiente à vontade para que possa ficar na posição que melhor lhe aprouver? Permitir a presença de alguém da família por ocasião do trabalho de parto? Dialogar com a parturiente a respeito de vantagens ou desvantagens desta ou daquela forma de abordagem ou condução do parto? Atender o desejo da paciente de ter parto normal ou operatório e fazer o possível para atendê-la? Em caso de complicações ou intercorrências por ocasião do trabalho de parto, explicar os riscos para a paciente e já de imediata adotar atitude intervencionista, sem se preocupar com a reação ou opinião da mesma com relação a conduta a ser,ou que está sendo adotada? Estimular o aleitamento Materno excliusivo até 6 mesas de vida do filho, colocando o recém nato para sugar o seio da mãe imediatamente após o nascimento, explicando à mãe as vantagens em isto efetuar, não o fazer, ou simplesmente exigir a amamentação sem maiores diálogos com a mãe ou a família, desde que isto é o melhor para ambos e ponto final?”
Maria Cecília Peixoto Sanches Volpe : Ótima pergunta!
Moderador : Mônica, o que você diria a ele?
Mônica Bara Maia : O termo humanização é bastante polissêmico, com conteúdo que abrange questões médicas, sociais, culturais etc. Eu trabalho com o conceito de que humanizar o parto é tornar a mulher a protagonista do processo do trabalho de parto, parto e pós-parto. As mulheres são diferentes, têm medos e anseios diferentes, não podem ser tratadas a partir de uma única régua, de uma única regra.
Em termos de assistência efetiva ao parto, existe hoje um rol grande de informações e pesquisas, de práticas baseadas em evidências, de registro do que seja a melhor evidência e prática.
Sabemos que a liberdade de posição, que a presença do acompanhante, que evitar intervenções desnecessárias (ocitocina, episiotomia etc.), monitorar o parto com partograma entre outras práticas, são práticas relacionadas com melhores resultados perinatais tais práticas ainda não estão disseminadas na assistência ao parto que se pratica no Brasil.
Ainda respondendo ao Dr. Assuero, não acho que exista ponto final no diálogo do profissional de saúde com sua paciente, é sempre uma construção.
Moderador : Ela diz assim: "Como humanizar o parto diante de tanta tecnologia. As mulheres cada vez mais programando suas vidas. Em particular quando terão seus filhos. Cada vez elas deixam a maternidade para depois. Muitas utilizam outros meios para engravidar. Enfim, como humanizar diante de tantos medicamentos e tecnologias?
Mônica Bara Maia : Acho que a questão da Alessandra é muito central na discussão atual de assistência ao parto.
Mônica Bara Maia : O problema é que não discutimos que mais tecnologia não traz, necessariamente, melhores resultados. nos últimos 20 anos, melhoraram quase todos os outros indicadores da saúde materna e das mulheres, assim como o acesso aos serviços de saúde. As mulheres têm melhor nutrição, fumam menos, têm menor número de filhos, com intervalos mais longos entre os partos, fazem maior número de consultas de pré-natal, iniciam o pré-natal mais cedo, têm melhor imunização, melhor rastreamento para o diagnóstico de infecções e maior número de consultas no pós-parto
Mesmo melhorando nesses quesitos, as mortes maternas não diminuem.
Um estudo mostrou que na cidade de São Paulo, menos de 10% das mulheres que morreram de eclampsia (em hospitais e atendidas por médicos) foram tratadas com o sulfato de magnésio, o tratamento mais eficaz e mais barato, recomendado pelo Ministério de Saúde. Um tratametno de baixa tecnologia e baixo custo, que não está à disposição
Eu vejo que a tecnologia como um fetiche, e também vejo uma confusão entre ciência e tecnologia.
Bruna Moraes : Bem, não vejo a tecnologia como uma forma de atrapalhar a humanização, desde que se saiba como utilizá-la.
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